Conhecer o gosto e o som do silêncio que conforta e nos permite ouvir a respiração de quem amamos ao lado é quase um dom, uma dádiva. Saber apreciar e ouvir o silêncio quebrado pelas gotas de chuva no telhado em dias e noites de frio, é no mínimo, um encontro com a paz, que nem seria guerra se fosse quebrada por corações descompassados.
O cenário: meu irmão dormindo ao lado. Na madrugada fria, ele corta o silêncio resmungando que teve pesadelo. “Atrapalho” o seu medo sussurando palavras de calma e carinho: - fique calmo, estou aqui! Ele adormece e ouço o barulho de minhas mãos fazendo carinho em seu cabelo. Dessa noite de silêncio, jamais esquecerei.
Silêncio não é quando evitamos o que queremos dizer, quando deixamos para depois as coisas que sentimos, quando “ficamos de mal”. Silêncio pode ser até barulho, desde que traga paz. É respeito, é entender a dor do outro.
Silêncio é o cérebro em turbilhão fazendo planos, resgatando lembranças enquanto o rosto permanece meio sonso e imóvel, apesar da boca soltar palavra sequer.