segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Stramberry Fields Forever


“Deixe-me te botar pra baixo
Porque eu estou indo aos Campos de morangos
Nada é real
Não há por que esperar"

Idéias e vômitos dentro do vaso.

Beatles, letras e cores, momentaneamente, psicodélicas.

Loucuras correm descalças no asfalto que queima os pés. Em Liverpool, apenas Paul anda descalço (o defunto no encalço de Ringo).

Pés apressados e tortos sujam-se nas lamas, lares, bares e camas... Ney Matogrosso é quem berra isso num radinho de pilha da casa ao lado. Meus ouvidos inconstantes e indecisos não sabem o que quer ouvir. Dentro da quarta casa o som é mais alto, no quarto parágrafo as letras se estendem; dentro do quarto, os travesseiros não confortam.

Mensagens subliminares e uma possível morte. Preparo-me para o funeral e para a chegada de Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band...

Coração Solitário ainda preso entre as cartas no armário.

John Lennon dedilha histórias sobre pés de morango: Stramberry Fields Forever?

Aqui, nesse fim de mundo não há morangos, e nem posso me lambuzar embaixo da mangueira... Ouvi certos rumores que Dear Prudence jamais deixaria.

Help! I need somebody!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Porta-retrato



Feijão borbulhando na panela
Olhos castanhos nos olhos dela
Ela, imortalizada no porta-retrato
Cerveja na mão, sorriso de lado

Copos, plásticos, vidros sujos na pia
Do porta-retrato saem lágrimas
Chão e roupa molhada
A pele arrepia

Roupas sujas no armário
Pregador? Amaciante? Varal? Sabão em pó?
Possíveis reencontros no calendário
Porta-retrato apenas enfeite - totalmente só

Contas, músicas, preguiças, livros, telefonemas
Boas doses das poesias e crônicas de Milena
Porta-retrato que carrega um tanto de nova poeira
Recebe ainda flanela pra limpar o passado da sujeira

Noite solitária de sonho ruim
A luz verde-esperança do abajur alumia:
O irônico porta-retrato está bem acordado
E piscando o “zóio” pra mim

E eu vou entrar
Com ou sem foco
Tomar sua cerveja
E sorrir, também, para a foto