quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Porta-retrato



Feijão borbulhando na panela
Olhos castanhos nos olhos dela
Ela, imortalizada no porta-retrato
Cerveja na mão, sorriso de lado

Copos, plásticos, vidros sujos na pia
Do porta-retrato saem lágrimas
Chão e roupa molhada
A pele arrepia

Roupas sujas no armário
Pregador? Amaciante? Varal? Sabão em pó?
Possíveis reencontros no calendário
Porta-retrato apenas enfeite - totalmente só

Contas, músicas, preguiças, livros, telefonemas
Boas doses das poesias e crônicas de Milena
Porta-retrato que carrega um tanto de nova poeira
Recebe ainda flanela pra limpar o passado da sujeira

Noite solitária de sonho ruim
A luz verde-esperança do abajur alumia:
O irônico porta-retrato está bem acordado
E piscando o “zóio” pra mim

E eu vou entrar
Com ou sem foco
Tomar sua cerveja
E sorrir, também, para a foto

5 comentários:

Anônimo disse...

Linda poesia Renatinha! =)

''Possíveis reencontros no calendário''

''Contas, músicas, preguiças, livros, telefonemas''

Te amo!

Beijos

Anônimo disse...

Belas poesias, Renata. Parabéns.

Só acrescentando: alumia não precisa estar com aspas. A palavra realmente está dicionarizada.

la fille au verre d´eau disse...

a mocinha ta inspirando muitas poesias ultimamente ham
=)

Paixão, M. disse...

meu deus do céu, rs! assim fico boba sem remédio!

ô, honra.

mas hein, saudade é uma coisa mesmo. dá vontade sem tamanho de invadir porta-retratos. aliás, adorei essa imagem poética que você criou!

beijão, renatinha!

Anônimo disse...

Ótima mistura de humor e melancolia, moça. Nunca sei se porta-retrato é uma coisa boa. Ao mesmo tempo que traz as melhores lembranças, dá um aperto de saudade que às vezes tira até o fôlego.