terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Rabo de Olho





“É realmente cômico o espetáculo da humanidade”.

Demócrito (filósofo grego)

Pelo “rabo da memória” escrevo o que os olhos vêem e o coração sente. Ora bolas, não sou o Cupido de vendas nos olhos para não perceber os defeitos dos outros. Também dessa forma, peço que os leitores do livro Rabo de Olho tirem as vendas e os (pré) conceitos instalados na infância por certos tipos de pais. Será que no pão nosso de cada dia, dentro do lar, todos estarão longe de safadezas, mentiras ou vícios? Não sei, mas sou pássaro livre, acompanho morcego e acordo de cabeça para baixo, porque o mundo está, literalmente, de pernas para o ar.
Na escrita do “rabo da mão” permito descontentar-me de mim mesma (o pleonasmo foi proposital) e admirar o outro. A quem admiro? A professora e jornalista Luciana Máximo. Não com a bajulação, tão comum nos meios sociais – sempre carregadas de solenes lisonjas – mas uma admiração nua e crua por sua coragem de estampar a nudez da podridão da sociedade.
O “rabo da tecnologia” tecla as teclas do notebook e encontra no Desktop (área de trabalho) uma frase que diz tudo: há quem se melindre menos com graves blasfêmias contra Jesus Cristo do que com o mais leve gracejo em relação a um papa ou a um rei. Está aí a definição indefinida que eu procurava. Trazendo a frase para os tempos atuais, sem desmerecer de forma alguma a Obra “Elogio da Loucura”, de Erasmo de Roterdam, modifico-a dizendo que há quem fique mais “puto da vida” quando se fala a verdade sobre esses políticos escrotos, do que uma grave blasfêmia contra as manifestações da natureza (o que nada mais é que Deus numa só manifestação).
O livro – repleto de temas e poesias de tirar o fôlego – consegue ferozmente arregalar a pupila, abrir a boca, cair o queixo e fonetizar resmungos: – Nossa! É assim mesmo como ela diz! É isso o que acontece! Como ela teve coragem?!? Será que aqui ela falou de fulano? Hum! Tenho certeza de que nessa poesia ela falou de Beltrano (bem feito pra ele). E por aí vão os comentários, a maioria oriunda de quem continua, covardemente, dentro do armário.
E fora do armário, mas dentro do quarto, somos convidados a assistir, nesse caso ler, o Big Brother das safadezas da sociedade, todas cometidas embaixo do edredom, é obvio. Quem aceita uma taça de vinho para acompanhar a cena? Não há pipoca, mas têm dinheiro no cofre, malas abarrotadas, tiros disparados em pessoas indefesas, entre outras mazelas do mundo. Cadê você, Gabriel O Pensador pra transformar as poesias de Luciana em rap?
Esqueço o Pensador do Rio de Janeiro e converso com O Pensador de Cachoeiro...
E pergunto com intimidade: Evandro, afinal, o livro da Lú é pornográfico? Ele meneia a cabeça, faz que sim nem que não e alfineta: “considerando que a maioria dos termos chulos utilizados pela autora já fazem parte do vocabulário popular – já ouvimos de senhoras e senhoritas os termos ditos pornográficos e, principalmente, de jovens, na conversação comum. Na verdade as palavras são inofensivas, a intenção do emissor é que ofende, intimida, choca. O resto é hipocrisia. Acredito que a verdadeira imoralidade são alguns atos dos políticos que elegemos e aplaudimos”.
Então, quem somos nós, leitores vorazes com o livro escancarado nas filas dos bancos, dentro dos ônibus, nos bares, lares e camas (lembrei de Ney Matogrosso) para julgarmos um livro que busca o direito de viver cada dia, a liberdade de dizer verdades?
E quem são eles, curiosos mesquinhos, escondidos em mausoléus com o livro entreaberto nas “mãos leves?” São apenas ratos escrotos, que assim como levam, ilicitamente, o nosso dinheiro dentro do bolso, carregam, com muito receio o Rabo de Olho para dentro do buraco imundo de podres caminhos.
Enfim, Rabo de Olho abala qualquer estrutura... e para rimar: tenham uma ótima leitura!
* Artigo Publicado do Jornal ES De Fato

domingo, 21 de dezembro de 2008

Não Sou do Seu Rebanho


O óbvio é que não faz parte do meu mundo
E por não ser desse rebanho
É apenas mais um estranho

Para o amor não há nada disso
Então é desperdício não te amar
E dividir o meu tempo com você

Tudo tão triste e engraçado
Quem não quero, tenho por perto
Quem eu amo, pertence à distância
E mora do outro lado

Amigos e sorrisos na mesa
Seu olhar uma súplica e um pedido
Que não mastigo nem como sobremesa

Sou de agito e muita gente
Você, banho-maria deprimente

Seus lábios, muita conversa
Minha garganta, tanta gritaria
Seus passos, nenhuma pressa
Minhas pernas, constante correria

Nos conhecemos há anos
Mas por "baixo dos panos"
Os segredos de liquidificador
São apenas enganos

Se não faço o que sua vontade quer...
Se não sigo o caminho que manda...
É porque sou uma mulher que não deita...
Sou mulher que anda...

Não Somos Donos Dele


Até que ponto levamos a sério a fé? De onde nasceu a “ousadia” em resumi-la como simples instrumento de vaidade?

Quando Deus é encontrado na cristaleira (ao lado dos cristais) percebemos um grande paradoxo, visto que é “dito por aí” que só alcançaremos o céu se tivermos humildade.Quantas pessoas colocam Jesus Cristo dentro da carteira, na louca ansia de ter mais do que ser?


Muitas vezes oferecemos dez por cento aos representantes de instituições “respeitáveis”, mas e ao próprio Deus, o que estamos oferecendo, além de súplicas e lamentações?Precisamos deixá-Lo em paz e não fazer de Sua vida um inferno. Não somos donos Dele, tampouco, escravos.