domingo, 20 de julho de 2008

Divagações Sobre a Necessidade de Parar de Beber...

Querido Diário Colorido... Me deixe Escrever Qualquer Coisa que Saia com Rima!?!

Anoitece. A lua me espera e eu me apresso. Retoco-me em frente ao espelho... Tudo no lugar: na boca, batom vermelho; na cabeça, o sonho de uma noite sem pesadelos. Buzinas me chamam. Abandono o meu quarto e o silêncio. Preciso da noite e do que ela me traz: ilusões com os goles a mais. Hoje eu quero jogar conversa fora e botar bebida pra dentro, mesmo sabendo que daqui a pouco nem eu mesma me agüento. E eu vou sair, vou dançar, com ou sem par.
Música alta, cantadas. A noite se resume em queixumes, sempre nas mesmas conversas fiadas. Um gole, um trago; dois goles, três tragos. Mais uma música, mais uma cantada. Solidão! Nem consigo contemplar a noite enluarada? O copo esvaziou e não bebo espuma. Por favor, ô garçom, me traga mais uma! Acabou o cigarro, mas carrego no pulmão um estoque de tosse com catarro.
Números de telefone em guardanapo são ofertados. De quem é o número? Ah!, deve ser de alguém que beijei lá do outro lado. E, por favor, não me façam perguntas enquanto eu estiver nesse estado. Muito menos me falem em beijos, pois perdi meu namorado. Falsos elogios não são dispensados.
Eu troco de bebida e peço algo mais forte, e enquanto engulo o Dreher adianto a minha morte. Caí do salto, voltei com a sandália na mão. Só não dormi no asfalto porque um anjo da guarda me pegou pela mão. Quem era o anjo? Um Policial Rodoviário me dando carona no camburão.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tantas e tantas noites de encher o fígado e de esvaziar o coração...
A foto do gatinho foi um ótimo disfarce, hein?!

Marcelo Grillo disse...

Noites vazias, que demoram a passar, regadas a ilusões, à necessidade de ver a Lua ausente (a Lua não nos protege quando nos negamos a vê-la, quando nos escondemos dela); pessoas vazias (como copos de pura espuma, difíceis de engolir), regadas a bebidas, à necessidade de somente beijar, levianamente: já passei por isso também. Hoje prefiro música e vinho suaves, boa companhia, boa conversa (o beijo não é obrigatório), e aí a noite passa depressa, e nos deixa com gostinho de quero mais, na expectativa da próxima, mesmo sem saber se ela virá. E nem é preciso beber tanto para se alegrar ― há almas que alegram as outras. Daí, retornamos a casa em cima do salto, e dormimos como anjos, sem nenhum pesadelo, sem nenhum sobressalto. E, deve-se lembrar, anjos da guarda são raros. A noite tem seu preço, e às vezes cobra caro. Nem sempre há um Policial Rodoviário à disposição para socorro diário. Eles têm outras rondas a fazer, outros corações perdidos para atender.