A prancha submersa me leva
Mas nem sei se quero ir
Entre mineiros revoltosos e peroás gordurosos
O pileque cria monstros e mares assombrosos
Fiquei tonta, chamei quiosque de “quisque”
Tomei cerveja e arrotei fragmentos de whisky
Areias lotadas e espaço não há
Assovio para o garçom:
- Me traga agora um peroá!
Minha mesa? Eu sento na rua
Engradados de cerveja me sustentam
A cachaça eu tomo crua
Hoje, só hoje...
Deixarei nas areias o meu coração
Quem sabe um pescador de bêbadas
Me leve de arrastão?!?
E o peroá... Tão pequenininho
Quanto mais incompleto
Mais aumenta o seu precinho
O sururu? Desapareceu da minha frente
A ostra? Não engulo demoradamente
A farofa? Lembra os farelos de minha vida
O peroá? Faz digestão na barriga
É hora de ir embora
Estou muito mais que tonta
Já chamei urubu de meu loiro
Mas primeiro tenho que pagar a conta
Quando chego na mesa improvisada
Tomo um susto, dou um grito, sinto medo
Meu peroá pequenininho e carnudo
Agora não passa de um esqueleto
Fui.......Fui... E acompanho o trem das onze
Irchi!!! O trio elétrico
RAUUUUULLLLLLLLLL...Tô de frente para o mar...
Mas pensei que fosse a "Lagoa Azul”
4 comentários:
Pois a tendência é mesmo essa: sempre menor e sempre mais caro - seja o amor, seja um peroá engordurado.
Amor e peroá... o que eles têm em comum? Muita coisa. Pois é isso o que acontece quando a gente come a carne e abandona o osso: o esqueletinho pode ficar nos acompanhando o resto da vida, um fantasma a arrastar correntes, a nos trazer pesadelos, a nos fazer beber para esquecer, a nos deixar com água na boca sempre que lembramos dele - principalmente se a carne era muito boa e acabou antes da hora... Não é assim também no amor?
Pois eu me lembro de um peroá degustado em Iriri que me deixou com gosto de quero mais... E se peroá merece música, eu dedico a de Lulu Santos para aquele: "Eu gosto tanto de você..."
hahahaha, muito bom esse, lembro de quando fez, nunca li inteiro, mas adorei o final, "Lagoa Azul" é algo que poucos vão entender né Renata!!? vc é fogo heim...
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