segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Conto 5 (Vende-se)

Era uma casa de praia sem areia no chão, sem correria de crianças, com sofá vazio e fogão desligado. Sozinha, naquela imensidão inadequada.
Encontro marcas de pés pequenos na parede da frente. Nos quartos, vejo quadros de dicas para viver bem. Olho a data: 1995. Olho detalhadamente as marcas e descubro que os pés pequenos eram meus. Sem peso na consciência, sigo nada que os quadros mandam. Estamos em 2009.
A mesma praia, a mesma casa e novos medos. Antes, o quintal era o refúgio. Hoje, a placa Vende-se amedronta. Outras pessoas sonharão meus sonhos na cama empoeirada.
O vídeo-game nem espera por mãos aflitas. Minhas primas seguiram sua vida. A rede, vazia.
Casa de praia e nenhuma cerveja na geladeira fantasma. Não há música, nem desenhos de sol no chão. A única coisa que encontro é Renata de cara com o passado, ouvindo o Barquinho, relembrando a infância e o verão.

4 comentários:

Anônimo disse...

re eu adorei vc fez um lindo trabalho


beijosssssssssssss!!!!




luyla

Anônimo disse...

Com toda malemolência materna na beira do mar...um mãe se põe ao imaginar que é bom o mistério e o medo que a onda dá.... faz cosquinha no corãção quando vê o seu muleque pular...


Sinto-me mais que feliz de recebo a homenagem com todo orgulho e dou um cadinho dele para o amor do meu filho Raphael!
beijos e obrigada,nêga!
Karina (a "moça de gosto de água e amigos")

Henrique Mofati disse...

Adorei, te amo!

Henrique Mofati disse...

Obs.: Casa sem video Game ñ presta mesmo...